terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Arrasto

A baba se acumulou e espirrou naquela boca outrora tão infantil. Que espírito te toma menino inquieto? Não sei se te abraço e espero que passe, se choro junto ou te mostro minha ira. Não vê que os lados não são todos teus? Ele desviou para não ser arrastado com tua tempestade, isso não quer dizer que tenha entrado no teu jogo. Tua voz estridente berra com raiva e medo. Teus olhos saltam das órbitas inocentes como querendo ver além. Esqueces que ainda nem aprendeste a amarrar o próprio sapato, e quer se jogar ao chão como protesto por te dizerem que é hora de ouvir para permitir que escutem também. Cala-te não posso falar. Tenho que exigir que entre também na forma para que possam todos prosseguir. Tenho que exigir o que eu não desejaria fazer pois não sabes respeitar. Veja como também eu me canso ao fim do dia. Sente-se a meu lado e permita dois minutos de silêncio, vamos assistir a chuva cair por um instante, não te importes com as folhas que invadiram a sala. Deixa o vento, o dia inteiro foi tão abafado. Não te desesperes com o que não pode controlar, não te desesperes com o colega que não te carrega no colo como faz tua mãe. Não te irrites porque o outro não faz contigo o que também tu não és capaz de fazer por quem quer que seja. Sei que tens fome e que as horas passam muito lentas para quem espera, mas não sente no chão gelado, isso não ajuda. Não me use de saco de pancadas ou bode expiatório, isso não sara tuas feridas nem ajuda meu caminho. Se dermos as mãos, juntos, sobreviveremos mais fácil ao início da noite, e amanhã poderemos novamente almoçar e contar os minutos para tudo recomeçar. Mas dessa vez, por favor, não berre antes de acabar. Minha voz não tem a potência dos teus ouvidos.

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